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A pergunta "posso trabalhar com Reiki?" surge frequentemente na mente de muitas pessoas que descobrem esta prática energética e sentem o apelo de transformar uma paixão pessoal numa carreira profissional. Esta terapia complementar, que chegou a Portugal nos finais dos anos 80, tem visto crescer não apenas o número de praticantes, mas também o interesse de muitos em exercer profissionalmente como terapeutas de Reiki.
Trabalhar com Reiki representa mais do que uma simples profissão - é um caminho de desenvolvimento pessoal contínuo que exige responsabilidade, ética e dedicação ao bem-estar do outro. Contudo, antes de dar este passo importante, há questões essenciais a considerar sobre formação, competências e os aspetos práticos de exercer como terapeuta de Reiki em Portugal.
Para trabalhar com Reiki de forma ética e responsável, a formação adequada é fundamental. O sistema tradicional de ensino divide-se em níveis distintos, cada um com objetivos específicos:
Escolher um Mestre de Reiki qualificado é crucial para uma formação sólida. É da responsabilidade do Mestre treinar os seus alunos, dotando-os do saber necessário para a devida prática. Um bom Mestre não transmite apenas técnicas, mas também orienta no desenvolvimento ético e pessoal necessário para trabalhar com outros.
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Existe uma distinção importante entre praticar Reiki pessoalmente e exercer profissionalmente como terapeuta. Qualquer pessoa pode praticar Reiki. Não é exigido nenhum pré-requisito académico, até porque trabalhamos com o campo energético, o que não corresponde aos critérios da ciência exata. No entanto, quando se profissionaliza, o terapeuta de Reiki tem que ter bem presentes as suas competências.
O terapeuta profissional assume responsabilidades que vão além da prática pessoal:
Escuta Ativa e Empatia: Um terapeuta de Reiki precisa de desenvolver a capacidade de escutar verdadeiramente os seus clientes, compreendendo não apenas as palavras, mas também as necessidades energéticas e emocionais subjacentes.
Presença Consciente: A qualidade da presença do terapeuta influencia diretamente a eficácia da sessão. Estar completamente presente, sem julgamentos ou expectativas, é fundamental.
Responsabilidade Profissional: O terapeuta deve ter o consentimento do paciente, antes de utilizar quaisquer terapias ou modalidades. Isso inclui explicar claramente o que é o Reiki e o que pode esperar da sessão.
Integridade nas Práticas: Num tratamento de Reiki não inclui a utilização de quaisquer outras terapias ou modalidades, como massagens, reflexologia, acupuntura, leituras psíquicas e aconselhamento, a menos que seja claramente comunicado e consentido.
Autotratamento Regular: Antes de cuidar de outros, o terapeuta deve cuidar de si próprio. A prática regular de autotratamento mantém o equilíbrio energético e a clareza necessária para o trabalho terapêutico.
Vivência dos Cinco Princípios: Ser um terapeuta de Reiki, exige um grande conhecimento do Eu, do todo que somos, uma prática constante de Reiki, uma prática assertiva dos cinco princípios - "Só por hoje, sou calmo, confio, sou grato, trabalho honestamente, sou bondoso".
Atualmente, em Portugal, o Reiki ainda não está regulamentado nem há qualquer previsão para tão cedo tal acontecer. Isso significa que não existem requisitos legais específicos para exercer como terapeuta de Reiki, mas também implica maior responsabilidade na autorregulação.
O Ensino de Reiki não está ainda no Quadro Nacional de Qualificações (QNQ) pelo que não é reconhecido o seu ensino. Em Portugal, dentro da comunidade de Reiki, é tido como válido um certificado passado por um Mestre, desde que o mesmo tenha adquirido as suas competências.
Existem também opções de formação que podem conferir maior credibilidade profissional, embora não sejam obrigatórias. A escolha da formação deve sempre privilegiar a qualidade do ensino e a experiência do Mestre formador, independentemente do tipo de certificação oferecida.
Para exercer profissionalmente como terapeuta de Reiki, é necessário proceder ao registo da atividade junto das Finanças. As atividades de consultas terapêuticas de Reiki enquadram-se na Subclasse CAE-Rev.3 – 86906 – Outras atividades de saúde humana.
Este código de atividade económica permite o enquadramento legal da profissão, seja como trabalhador independente ou através de empresa. É importante declarar corretamente a atividade para cumprimento das obrigações fiscais e para efeitos de seguros profissionais.
Para exercer profissionalmente, é aconselhável ter seguros apropriados. Existem seguros específicos para terapeutas que cobrem acidentes de trabalho e responsabilidade civil, proporcionando proteção adequada para quem trabalha na área das terapias complementares.
Ambiente Adequado: O espaço deve promover tranquilidade e bem-estar. Isso inclui:
Equipamentos Essenciais: Pode haver necessidade de um pequeno banquinho para o caso de pessoas com dificuldade em subir para a marquesa; Secretária e cadeiras, para que possa tomar os seus registos e receber os clientes; Espaço para colocar um leitor de música, caso sinta essa necessidade de colocar um som ambiente.
Consentimento Informado: Explicar claramente o que é o Reiki, como funciona a sessão e obter consentimento antes de iniciar.
Registo de Atendimentos: Manter registos adequados das sessões, respeitando sempre a confidencialidade e proteção de dados pessoais.
Higiene e Segurança: Garantir condições higiénicas adequadas e respeitar os limites físicos e emocionais dos clientes.
Experiência com Próximos: Para começar, o praticante deve ter sempre o apoio do seu Mestre, para que o encaminhe nos passos a dar, na ética, no esclarecimento de dúvidas. Começar com familiares e amigos permite ganhar experiência num ambiente seguro.
Desenvolvimento Gradual: Não há pressa para se tornar terapeuta a tempo inteiro. Muitos começam oferecendo sessões esporadicamente enquanto mantêm outras atividades profissionais.
Associações de Reiki: Aderir a associações profissionais proporciona apoio, formação contínua e networking com outros praticantes.
Parcerias com Centros de Terapias: Muitos terapeutas iniciam a sua atividade em centros especializados em terapias naturais, onde podem aprender com profissionais experientes.
Presença Online: Criar um perfil profissional credível nas redes sociais e websites especializados em terapias complementares.
Feiras e Eventos: Participar em feiras de bem-estar e eventos relacionados com terapias naturais para dar a conhecer o trabalho.
Voluntariado: O trabalho voluntário em hospitais, lares ou organizações sociais não só contribui para a comunidade como também desenvolve competências e credibilidade profissional.
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Hoje vemos o Reiki a ser aplicado em instituições como a Cruz Vermelha, ou a Santa Casa da Misericórdia, no apoio aos seus utentes seniores, a ser apresentada como terapia em congressos, ou mesmo nos hospitais. Esta crescente aceitação abre novas oportunidades profissionais.
A tendência é para maior integração do Reiki como terapia complementar em contextos de saúde convencionais, especialmente em cuidados paliativos e apoio emocional.
Muitos terapeutas desenvolvem especializações, trabalhando com grupos específicos como crianças, idosos, ou pessoas com condições de saúde particulares.
Trabalhar com Reiki é muito mais do que uma profissão, é um caminho de ajuda e crescimento pessoal. Quando viver unicamente do Reiki, nunca se esqueça de doar sempre a quem precisa. Esta máxima resume o espírito que deve orientar qualquer terapeuta de Reiki: o equilíbrio entre a sustentabilidade profissional e o serviço desinteressado.
A decisão de se tornar terapeuta de Reiki deve ser tomada com consciência, preparação adequada e um compromisso genuíno com o bem-estar dos outros. Embora o caminho possa apresentar desafios, as recompensas - tanto pessoais quanto profissionais - são profundas para aqueles que abraçam esta prática com seriedade e dedicação.
Lembre-se: podemos considerar o terapeuta de Reiki como um técnico - um profissional especializado que domina uma arte específica e a aplica com competência, ética e amor incondicional. Esta especialização, construída através de formação sólida, prática constante e desenvolvimento pessoal contínuo, é o que distingue o terapeuta profissional do praticante casual.
O Reiki oferece um caminho único para contribuir positivamente para a sociedade, promovendo o bem-estar individual e coletivo. Para aqueles que sentem este apelo, o investimento na formação adequada e no desenvolvimento das competências necessárias representa não apenas uma oportunidade profissional, mas uma forma significativa de viver de acordo com os princípios de harmonia, paz e serviço que estão no coração desta prática milenar.