Chat WhatsApp
Terapias Naturais

Diferença entre Cosmética Natural, Biológica e Convencional

Validado por Sofia Santos

Sofia Santos

Especialista em Cosmética Natural, com experiência em controlo de qualidade, regulamentação e I&D.

Conhecer o Processo Editorial
Novembro 14, 2025 | Leitura 13 min |
Partilhar
Descubra mais sobre o Curso de
Cosmética Natural
+351

A cosmética natural tem conquistado cada vez mais adeptos que procuram alternativas mais seguras e sustentáveis para os seus cuidados de beleza diários. Nos últimos anos, esta crescente popularidade vai muito além de uma tendência, representa uma resposta genuína e informada às preocupações sobre os efeitos de determinados ingredientes sintéticos na pele e no ambiente.

 

Contudo, nos corredores das lojas, nos sites de compras e nas conversas entre amigos, ouve-se frequentemente falar em "cosmética natural" e "cosmética biológica" como se fossem sinónimos. A verdade é que  estas categorias são distintas, e compreender as diferenças é fundamental para fazer escolhas realmente alinhadas com os seus valores e necessidades.

 

Quando se trata da nossa pele - o maior órgão do corpo humano - cada decisão que tomamos pode ter um impacto significativo no nosso bem-estar geral. Por isso, compreender o que realmente constitui a cosmética natural, biológica e convencional tornou-se essencial. Este guia prático desvenda o que realmente significa cada um destes termos e ajuda-o a navegar pelo mercado com confiança, identificando produtos autênticos e escolhendo aqueles que melhor se adequam  ao seu bem-estar pessoal e responsabilidade ambiental.

O Que é Cosmética Convencional?

A cosmética convencional constitui a maior fatia do mercado. É aquela que encontra nas grandes superfícies e nas farmácias e que provavelmente usa há anos sem questionar.

A cosmética convencional baseia-se, maioritariamente, em ingredientes sintéticos ou em matérias-primas derivadas da petroquímica . Isto não significa automaticamente que seja prejudicial, até porque muitas marcas investem em investigação dermatológica rigorosa e em testes de segurança exigidos pela regulamentação europeia. No entanto, o modelo produtivo centra-se essencialmente na eficácia, na consistência do produto, na estabilidade e durabilidade em prateleira, e no custo-benefício. Por esse motivo, a formulação tende a privilegiar ingredientes estáveis, amplamente testados, e que permitem produção em grande escala.

Características principais da cosmética convencional:

  • Utiliza conservantes sintéticos para prolongar o tempo de vida útil
  • Incorpora fragrâncias sintéticas que oferecem aromas persistentes e estáveis
  • Pode incluir parabenos, sulfatos (SLS/SLES) e outros ingredientes que podem levantar questões de tolerância cutânea em peles sensíveis
  • Frequentemente é testada dermatologicamente, o que é positivo para segurança
  • Geralmente mais acessível em termos de preço
  • Produção em larga escala com processos padronizados e foco na estabilidade e consistência dos lotes

 

A questão central não é se a cosmética convencional é “segura” ou não, uma vez que todos os produtos estão obrigados a cumprir o rigoroso Regulamento Cosmético Europeu (CE) 1223/2009, que garante a sua segurança dentro dos limites estabelecidos. A verdadeira questão é se estes produtos se alinham com as suas prioridades pessoais, cutâneas e ambientais.

Para algumas pessoas — sobretudo com pele sensível, reativa ou comprometida — certos ingredientes sintéticos podem causar irritação ou sensibilização, sobretudo quando usados de forma repetida ao longo dos anos. Este fenómeno, conhecido como efeito cumulativo, não implica toxicidade imediata, mas refere-se ao impacto da exposição diária a múltiplos produtos que contêm fragrâncias sintéticas, conservantes ou derivados petroquímicos. Com o tempo, esta carga repetida pode contribuir para sensibilizações cutâneas.

Se o ambiente é uma preocupação, o impacto associado à extração e processamento petroquímico, bem como à menor biodegradabilidade de alguns ingredientes, também merece reflexão.

 

Cosmética Natural: O Retorno às Origens com Intenção

A cosmética natural marca um desvio significativo  face às formulações predominantemente sintéticas. Aqui, fala-se de ingredientes que vêm da natureza — plantas, minerais, ceras e óleos — mantidos o mais próximo possível do seu estado original.

A cosmética natural utiliza componentes de origem vegetal, mineral ou animal, processados minimamente para garantir segurança e eficácia. Inclui extratos de plantas, óleos essenciais, manteigas vegetais e minerais que preservam as suas qualidades naturais. A diferença surge nos conservantes  (sistemas conservantes mais suaves e, sempre que possível, de origem aprovada em cosmética natural), nas fragrâncias (óleos essenciais e hidrolatos em vez de moléculas sintetizadas em laboratório) e na filosofia geral da formulação.

O que define a cosmética natural:

  • Ingredientes não-sintéticos, de origem natural
  • Redução significativa de aditivos artificiais
  • Ausência ou presença muito limitada de parabenos e sulfatos
  • Processos tradicionais de extração (infusões, destilações, prensagem a frio)
  • Frequentemente formulada para ser gentil e respeitadora do equilíbrio natural da pele
  • Nem sempre certificada — este é um ponto essencial

Uma distinção crítica: cosmética natural não é obrigatoriamente biológica. Um óleo de rosa pode ser 100% natural, mas ter sido cultivado com pesticidas químicos convencionais. Um extrato de camomila pode ser natural, mas processado com solventes que não permitidos em certificação orgânica. A palavra "natural" refere-se à origem dos ingredientes, não ao processo de cultivo ou ao impacto ambiental. Esta distinção é fundamental — e é aquela que muitas marcas exploram,  de forma intencional ou inadvertida.

Ingredientes naturais frequentes e suas propriedades:

O óleo de argão é rico em ácidos gordos essenciais e vitamina E, oferecendo hidratação profunda, sendo especialmente adequado  para peles secas e danificadas. O óleo de jojoba, estruturalmente semelhante ao sebo natural, regula a produção de oleosidade, funcionando bem para peles mistas e oleosas. A manteiga de karité é um emoliente de elevada capacidade hidratante, particularmente benéfica para áreas secas como cotovelos e joelhos.

Para peles oleosas e com tendência acneica, a argila verde é extraordinária por ser capaz de absorver  o excesso de oleosidade e promover a purificação dos poros em profundidade. Já a argila branca, mais suave, é ideal para peles sensíveis, oferecendo limpeza delicada e um notável efeito calmante.

O aloé vera é conhecido mundialmente pelas suas propriedades calmantes, hidratantes e cicatrizantes, ideal para queimaduras solares e irritações. O chá verde é rico em antioxidantes que combatem radicais livres, prevenindo envelhecimento precoce. A camomila e o extrato de rosa mosqueta oferecem propriedades regeneradoras, enquanto a aveia coloidal é particularmente valiosa para peles sensíveis ou sensibilizadas.

Estes ingredientes não são apenas "bonitos no rótulo", atuam com eficácia genuína, frequentemente de forma mais gradual e suave do que os ativos sintéticos, mas com resultados reais.

Artigo relacionado: O que se Aprende num Curso de Cosmética Natural?

Cosmética Biológica: O Rigor da Certificação

Agora chegamos à cosmética biológica, também designada de orgânica. Aqui, entra em jogo não apenas a origem dos ingredientes, mas também todo o processo de cultivo, transformação e certificação.

A cosmética biológica é regulada por normas rígidas. Os ingredientes devem ser cultivados sem recurso a pesticidas sintéticos, herbicidas, fungicidas ou fertilizantes de síntese. Os processos de transformação devem respeitar critérios ambientais específicos, e a rastreabilidade deve ser documentada e verificável.

Características essenciais da cosmética biológica:

  • Certificação emitida por organismos independentes (Ecocert, COSMOS, Soil Association, entre outros)
  • Ingredientes cultivados em sistemas agrícolas biológicos verificados
  • Ausência de pesticidas de síntese no cultivo
  • Processos de produção que respeitam o ambiente
  • Rastreabilidade completa dos ingredientes
  • Frequentemente também é natural, mas vai muito mais longe

A diferença fundamental entre "natural" e "biológica" é que a biológica tem prova documental. Pode parecer um pormenor administrativo, mas é enorme. Significa que um verificador independente confirmou que as práticas foram realmente ecológicas. A cosmética natural pode basear-se na declaração da marca. A cosmética biológica deve provar.

A certificação biológica também protege o ambiente de formas que o rótulo "natural" não garante. Reduz poluição do solo, protege ecossistemas aquáticos, promove biodiversidade e incentiva práticas agrícolas sustentáveis.

Desmitificar Falsas Crenças: O Que "Natural" Realmente Significa

Aqui é importante fazer uma pausa e dissipar alguns equívocos frequentes sobre cosmética natural. Compreender estes pormenores ajuda a tomar decisões verdadeiramente informadas.

"Natural significa totalmente seguro e isento de risco"

Isto é uma falsidade comum. Alguns ingredientes naturais podem causar alergias, sensibilizações ou reações de fotossensibilização em determinadas pessoas. O facto de algo vir da natureza não o torna automaticamente seguro para a sua pele específica. Por exemplo, os óleos essenciais, embora naturais, são potentes e podem irritar se não forem adequadamente diluídos. A lavanda, admirada pela sua tranquilidade, pode desencadear reações em peles muito sensíveis.

É por isso que fazer um teste de contacto antes de usar um novo produto é sempre recomendável — coloque uma pequena quantidade no antebraço e aguarde 24 a 48 horas para observar eventuais reações.

"Natural significa 100% isento de qualquer processamento"

Muitos consumidores acreditam que "natural" significa que o ingrediente é utilizado no seu estado absolutamente puro. A verdade é mais complexa. Muitos ingredientes naturais passam por processos de extração e purificação necessários para garantir segurança microbiológica, estabilidade e eficácia. Um óleo vegetal é prensado. Um extrato de planta é obtido por infusão ou destilado. Uma manteiga pode ser refinada. Estes processos não tornam o ingrediente "menos natural" — tornam-no seguro, estável e adequado para a formulação.

"Natural é automaticamente melhor que convencional"

Não é tão simples. Depende dos seus objetivos pessoais e prioridades. Um sérum com vitamina C sintética (como o ácido ascórbico) pode oferecer resultados anti-envelhecimento mais rápidos e previsíveis do que um com extrato de rosa mosqueta. Ambas são escolhas válidas — a questão é o   que procura, o que valoriza e como a sua pele responde.

"Os produtos naturais têm eficácia comprovada cientificamente"

Muitos têm eficácia comprovada, sim. Mas nem todos apresentam estudos clínicos extensivos — e isso é verdade tanto para produtos naturais como para produtos convencionais, já que a legislação europeia não exige ensaios clínicos de eficácia para nenhum tipo de cosmético.

A diferença está no facto de que algumas marcas convencionais e dermocosméticas investem mais frequentemente em estudos laboratoriais e ensaios de eficácia, enquanto muitas marcas naturais optam por uma abordagem mais simples, baseada em ingredientes tradicionais e evidência empírica. Isto não significa falta de eficácia — muitos produtos naturais oferecem excelentes resultados — apenas que a quantidade de dados clínicos pode ser mais limitada ou menos padronizada.

Além disso, a duração de armazenamento é frequentemente mais curta pois utilizam conservantes permitidos mais suaves ou sistemas antioxidantes naturais, o que reduz a estabilidade a longo prazo.  Isto é importante: armazene os produtos adequadamente, respeite as datas de validade e reconheça que esta é uma característica própria da cosmética natural, não um defeito.

 

Critério Cosmética Convencional Cosmética Natural Cosmética Biológica
Ingredientes Sintéticos ou petroquímicos Naturais, de origem vegetal/mineral (podem ter origem convencional) Naturais de agricultura biológica certificada
Certificação  Sem certificação obrigatória, apenas cumprimento legal Sem certificação obrigatória, apenas cumprimento legal Certificação obrigatória (Ecocert, COSMOS, etc.)
Pesticidas Não aplicável ( ingredientes não são agrícolas) Podem ter sido usados no cultivo Proibidos completamente
Preço Geralmente mais acessível Intermediário Frequentemente mais elevado
Impacto Ambiental Variável, mas frequentemente mais elevado (produção petroquímica, menor biodegradabilidade) Menor, mas não garantido Reduzido e verificado
Tolerância Cutânea Depende do produto Frequentemente melhor para pele sensível (menos fragrâncias sintéticas, fórmulas mais simples) Frequentemente excelente para pele sensível
Durabilidade Longa (conservantes sintéticos)  Frequentemente mais curta (conservação mais suave) Variável (conforme certificação e composição), mas frequentemente é mais curta

Como Identificar Produtos Autênticos: Certificações e Rótulos

Aqui é onde o cuidado se torna especialmente importante. O termo "natural" não é regulado em muitos países. Uma marca pode escrever "cosmética natural" no rótulo mesmo que apenas uma pequena percentagem dos ingredientes sejam realmente naturais. Isto é conhecido como "greenwashing", ou seja, usar linguagem ambiental ou natural para parecer mais consciente sem que a realidade corresponda.

Certificações a procurar:

  • Ecocert: Verifica composição natural e biológica, processos de produção ecológicos
  • COSMOS: Padrão europeu que combina produção biológica com critérios ambientais rigorosos
  • Soil Association: Certificação britânica altamente respeitada, integrada no padrão COSMOS
  • BDIH: Padrão alemão com requisitos estritos para ingredientes naturais
  • Natrue: Focada em grau de naturalidade e e pureza dos ingredientes, com vários níveis de certificação

Se o rótulo menciona alguma destas certificações, é um sinal positivo. Se não menciona nenhuma, mas afirma ser "natural" ou "biológica",  é aconselhável verificar com atenção e espírito crítico.

Dicas para ler rótulos:

  • Procure o símbolo de certificação — deve estar bem visível
  • Leia a lista de ingredientes (INCI) — mesmo que não a entenda totalmente, verifique se os nomes permitem pesquisa fácil e transparente
  • Se o primeiro ingrediente é água e o segundo é um composto químico complexo que não reconhece, questione a coerência da alegação de “natural”
  • Certifique-se de que a marca oferece informação transparente sobre a origem dos ingredientes
  • Marcas genuínas biológicas publicam frequentemente relatórios de sustentabilidade e dados de rastreabilidade

Vantagens e desvantagens de cada tipo de cosmética

Cosmética Convencional:

Vantagens: Preço acessível, resultados frequentemente cientificamente comprovados, disponibilidade imediata, longa durabilidade,  grande diversidade de ingredientes sintéticos que permitem texturas, sensorial e desempenho altamente consistentes

Desvantagens: Impacto ambiental significativo (produção petroquímica, menor biodegradabilidade), potencial sensibilidade em pele reativa,  possibilidade de contribuição para exposição cumulativa a fragrâncias e conservantes sintéticos.

Cosmética Natural:

Vantagens: Menos aditivos artificiais, frequentemente melhor para pele sensível, menor impacto ambiental geral, fragrâncias naturais de óleos essenciais e extratos vegetais.

Desvantagens:  Mesma regulação legal que a convencional, mas critérios de “natural” não são padronizados, risco de greenwashing, durabilidade reduzida (conservantes permitidos mais suaves), preço intermédio, resultados potencialmente mais graduais e menos padronizados.

Cosmética Biológica:

Vantagens: Certificação verificada, impacto ambiental reduzido, ausência garantida de pesticidas de síntese, frequentemente excelente para pele sensível, suporta práticas agrícolas sustentáveis.

Desvantagens: Preço mais elevado, disponibilidade mais limitada, durabilidade frequentemente mais curta (conservação mais suave),  menor variedade de ingredientes e produtos comparativamente à convencional

Conhecimento é Poder

A verdade é simples: conhecer a diferença entre cosmética natural, biológica e convencional permite-lhe tomar decisões alinhadas com os seus valores. Talvez para si a prioridade seja a eficácia cientificamente comprovada. Nesse caso, poderá optar por produtos (convencionais, naturais ou biológicos) que apresentem estudos de eficácia, seja através de ensaios clínicos, testes dermatológicos ou dados laboratoriais.

Veja também:

Não existe uma resposta "correta" universal. O que existe é a sua resposta, baseada em informação.

Quando compra, leia rótulos com atenção. Procure certificações. Questione marcas que utilizam linguagem vaga. Teste o que funciona com a sua pele. E lembre-se: uma marca que não oferece informação transparente sobre origem, composição e processos de fabrico pode não merecer a sua confiança, independentemente  da forma como comunica “naturalidade” no rótulo.

O mercado de cosmética está a mudar. Os consumidores estão a exigir melhor. E as marcas que  entendem esta evolução, que reconhecem que beleza genuína começa com consciência, são aquelas que merecem o seu investimento.

 

 

Descubra mais sobre o Curso de
Cosmética Natural
+351

Tem interesse em ler sobre...

Quer Trabalhar com Massagem Terapêutica? Descubra o Papel da Quiromassagem
Naturopatia e Bem-Estar: Como Esta Abordagem Pode Apoiar a Saúde Física e Emocional
Como Integrar o Reiki noutras Práticas de Bem-Estar
Conheça a nossa oferta formativa
+351